Foram 16 anos na indústria do sexo até chegar ao fundo do poço. Com um diagnóstico de câncer e viciada em drogas, Annie Lobert se deparou com a morte, mas encontrou em Jesus um recomeço. Hoje ela lidera um ministério que evangeliza prostitutas e resgata mulheres do tráfico sexual.
Annie foi criada em um lar disfuncional e tinha um relacionamento conturbado com seu pai. Durante os anos da escola, ela buscou preencher a carência emocional com os meninos. “Como eu não estava recebendo nenhuma atenção do meu pai, eu me atraía por qualquer elogio”, disse ela à organização I Am Second, uma plataforma de testemunhos nos EUA.
Ela deixou a casa de seus pais aos 18 anos, um dia depois de se formar no colégio. Foi para a cidade de Minneapolis (EUA) para tentar entrar na faculdade, mas teve que trabalhar em três empregos para pagar suas despesas.
Annie carregava dentro de si o desejo de atrair homens ricos, que pudessem provê-la de forma financeira e emocional. Ela conta que estava amargurada pela “falta de perdão” com seu pai e “só queria vingança”.
Junto com uma amiga, Annie passou a frequentar baladas e elas conheceram homens que usavam relógios caros e roupas de grife. Sua amiga viajou para o Havaí com um deles e convidou Annie, pois ali ela estava ganhando muito dinheiro. Annie prontamente suspeitou que a amiga estava se prostituindo.
“Eu sabia que algo não estava certo”, conta Annie. “Mas a sedução da possibilidade de ter coisas boas e finalmente ter um dinheiro que nunca tive, de finalmente ser alguém importante, superou todos aqueles sentimentos de alerta”.
Naquela mesma semana, Annie tirou férias de seus empregos e foi ao Havaí. Na primeira noite na praia de Waikiki, ela e sua amiga se venderam para alguns clientes japoneses. “E eu me tornei uma prostituta”, conta.
Annie ficou deslumbrada com a quantia de dinheiro que passou a ganhar. No início, ela cobrava 500 dólares por hora. Mais tarde, ela chegou a ganhar até 10.00 dólares por uma noite.
Luz em meio à escuridão
Alguns meses depois, Annie começou a dançar como uma stripper e conheceu um homem que dizia estar apaixonado. Ela se mudou com ele para Las Vegas, mas chegando lá, descobriu que ele na verdade era um cafetão.
“Ele me jogou na varanda de joelhos e começou a me chutar. ‘Você vai trabalhar para mim’”, relata Annie. “Ele me socou na cara. Meu nariz quebrou. Minha costela quebrou. ‘E se você tentar ir embora, eu te mato”.
Foram cinco anos sendo ameaçada pelo cafetão com armas na cabeça e debaixo de violência. A situação ficou ainda pior quando, anos depois, ela foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que se origina no sistema linfático. “Perdi todo o meu cabelo e fiz quimioterapia”, lembra.
Durante o tratamento contra o câncer, Annie ficou viciada em analgésicos e isso levou à cocaína. “Tive clientes me chamando de prostituta do câncer”, conta.
“Eu achava que Deus estava com raiva de mim. Eu entrava no chuveiro, esfregava meu corpo e achava que nunca estaria limpa”.
Em agosto de 2003, Annie teve uma overdose de cocaína que quase a levou à morte em um quarto de hotel. “Me lembro de estar deitada e senti como se essa presença demoníaca simplesmente se apoderasse de mim. Fiquei muito assustada e instintivamente soube que estava às portas da morte”, relata.
“Eu vi minha família, eu vi meu velório e eu estava no caixão. Todo mundo estava chorando. Eles estavam secando o rosto e dizendo: ‘Ela era só uma prostituta’”. Neste instante, Annie clamou a Deus: “Jesus, por favor, me salve. Não sei se Você é real, mas não quero morrer”.
Uma ambulância chegou a tempo e o médico disse a Annie que se Deus não estivesse com ela, ela teria morrido: “Você tem tantas drogas em seu sistema que deveria estar morta. Deus deve estar com você”.
“E eu sabia que Jesus tinha ouvido a minha oração. Uma paz tomou conta de mim, que não se comparava a nada que eu havia sentido em toda a minha vida. Eu sabia que Deus tinha me dado uma segunda chance”, afirma Annie.
Um novo propósito
Depois de se recuperar da overdose, Annie começou a ler a Bíblia e a buscar a Deus. começou sua caminhada com Cristo. No início ela hesitou em ir à igreja, mas foi abraçada por outros cristãos e começou uma jornada de cura.
“O Espírito Santo estava falando comigo, me dizendo que eu era bonita, que fui escolhida e que fui separada, que fui santificada e que eu era um vaso santo para Ele”, afirma. “Comecei a me firmar nas palavras de Jesus, que sou completa, que sou curada, que sou pura, que sou virgem Nele. E isso me dá paz”.
Certo dia, Annie estava limpando a casa e sentiu um chamado de Deus: “Annie, eu quero que você volte para aquele clube de strip. E eu quero que você diga às meninas que estão na escravidão que eu amo todas elas”.
“É para isso que fui chamada, simplesmente dizer a elas: ‘Deus te ama. Não importa onde você esteve, não importa o que você fez, não importa o quão suja você se sinta, existe redenção”.
Em 2005, Annie fundou a organização Hookers For Jesus, com a missão de alcançar mulheres que são abusadas pelo sistema da indústria do sexo. O projeto atua no evangelismo em clubes de strip em Las Vegas e oferece um programa residencial de um ano para mulheres da indústria do sexo e vítimas de tráfico sexual.