Que azeite é um produto mais saudável que o óleo de cozinha, não se discute. Há tempos o brasileiro que pode consumir um produto de mais valor no dia-a-dia se habituou a cozinhar com azeite.
E é nessa categoria, de produto bom para cozinhar, segundo os jurados convidados por Paladar para este teste, que se enquadram as 20 marcas avaliadas – com valor nas prateleiras do supermercado de até 50 reais.
O especialista em azeites, Ricardo Castanho, explica que azeites nessa faixa de preço são muito próximos sensorialmente. Que quase todas as marcas apresentam algum defeito com relação a aroma e praticamente todas com relação à fermentação do fruto.
Outro ponto importante a ser colocado é que esses azeites também apresentam intensidade de sabor baixa, às vezes nula, nos quesitos frutado (aroma e sabor), amargor e picância – três itens avaliados pelos jurados.
“O azeite extra virgem é um azeite com parâmetros que o definem como extra virgem segundo a legislação e também classificado dessa maneira de acordo com parâmetros sensoriais”, explica Glenda Haas, produtora do azeite premium Lagar H. “Um azeite de alta qualidade apresenta uma gama enorme de aromas positivos e diferentes”.
“Os azeites avaliados têm de 70 a 75% de gordura monoinsaturada, portanto são produtos saudáveis”, diz Ricardo Castanho. “A experiência sensorial, no entanto, fica bastante afetada por não serem azeites de alta qualidade”. O que significa que o sabor do produto cru na finalização de um prato ou no tempero de uma salada pode, às vezes, atrapalhar mais do que ajudar, segundo os especialistas convidados para o teste.
Bia Pereira, produtora do azeite premium Sabiá, disse ter se surpreendido positivamente com o fato de os três azeites melhor avaliados no teste serem de produtores vizinhos: Argentina e Chile. “Um azeite produzido no Chile, por exemplo, chega muito rápido Brasil e, portanto, mais fresco do que um azeite produzido na Europa”, explica.
O teste, como de hábito, foi realizado às cegas em uma área reservada da Padaria Le Blé, em São Paulo. Fábio Pasquale, chef padeiro da casa, avaliou a experiência como positiva principalmente para entender melhor as diferenças entre as marcas. Durante o teste, os jurados receberam amostras dos 20 azeites de uma só vez. Entre uma prova e outra, eles beberam água com gás e comeram fatias de maçã verde para limpar o paladar.
Abaixo você confere as três marcas que se destacaram mais neste teste e, na sequência, a lista de todas as marcas avaliadas em ordem alfabética.
As melhores marcas de azeite extra virgem até 50 reais
PRIMEIRO LUGAR – LAS DOSCIENTAS (Chileno)
SEGUNDO LUGAR – O.LIVE & CO (Chileno)
TERCEIRO LUGAR – COCINERO (Argentino)
As 20 marcas na avaliação dos jurados listadas em ordem alfabética
ANDORINHA (R$ 27,82, garrafa com 500ml) – Avaliado pelos jurados como insosso e rançoso, com defeito de fermentação e aroma levemente floral.
BORGES (R$ 21,24, garrafa com 500ml) – Azeite com defeito de fermentação, avaliado como de sabor acético (avinagrado) e rançoso.
CARBONELL (R$ 23,09, garrafa com 500ml) – Um dos jurados comparou o sabor do produto ao de remédio. Um azeite com defeitos de fermentação evidentes, amargor desagradável. No quesito picância foi considerado um azeite equilibrado.
COCINERO (R$ 20,73, garrafa com 500ml) – O azeite que ocupa o terceiro lugar na lista dos melhores avaliados pelos jurados foi classificado como de aroma fermentado, intensidade média, leve aroma frutado maduro; amargor e picância suaves. Um azeite sensorialmente virgem com leve defeito de aroma.
DE CECCO (R$ 36,53, garrafa com 500ml) – Um produto com aroma muito forte de fermentado bastante ranço e sem picância.
FILLIPO BERIO (R$ 24,29, garrafa com 500ml) – Defeito de fermentação evidente, sabor não agradou.
GALLO (R$ 29,33, garrafa com 500ml) – Outro azeite que não agradou os jurados por conta do sabor insosso o residual rançoso na boca.
LAS DOCIENTAS (R$ 31,71, garrafa com 500ml) – O azeite campeão da vez apresentou amargor e picância equilibrados, aroma levemente verde, ou herbáceo, com um toque de alcachofra. Um produto com defeitos menos intensos que os apresentados pelas demais marcas.
LA PASTINA (R$ 48,04, garrafa com 500ml) – O produto italiano não foi bem na avaliação dos jurados, perdeu pontos por conta dos defeitos de fermentação muito evidentes.
MAMMA BIA (R$ 34,69, garrafa com 500ml) – “Azeite com sabor picante que incomoda”, avaliou um dos jurados. Defeito de fermentação evidente com toque acético (avinagrado).
MIDAS (R$ 49,52, garrafa com 500ml) – O único azeite grego da lista foi avaliado como um produto de aroma levemente floral, um pouco fermentado, e leve picância.
NOVA OLIVA (R$ 29,26, garrafa com 500ml) – Os jurados notaram no produto levemente fermentado notas acéticas e sabor rançoso similiar ao de nozes passadas.
O.LIVE & CO (R$ 31,37, garrafa com 500ml) – Picância é o fator mais marcante do produto, considerado de sabor potente pelos jurados. Ele ocupa o segundo lugar no nosso ranking.
OLIVEIRA DA SERRA (R$ 36,27, garrafa com 500ml) – Um azeite com muitas notas de fermentação, picância leve demais e com defeito aromático considerável.
PAGANINI (R$ 39,93, garrafa com 500ml) – Outro azeite classificado como um produto de poucos tributos positivos. Aroma muito forte de fermentado e ausência de amargor e picância foram alguns dos pontos que renderam nota baixa na avaliação.
QUALITÁ (R$ 27,06, garrafa com 500ml) – Azeite classificado como de amargor ruim na boca e aroma excessivo de fermentado. Os defeitos do produto encobrem qualquer possibilidade de pontos positivos.
QUINTA NOVA DO DOURO (R$ 26,07, garrafa com 500ml) – O azeite não agradou os jurados, que o classificaram como totalmente insosso e com defeito de fermentação evidente. A viscosidade na boca incomodou bastante.
RAFAEL SALGADO (R$ 31,31, garrafa com 500ml) – O produto foi avaliado como de aroma muito forte de fermentado, untuosidade desagradável na boca, sem pontos positivos nos quesitos amargor e picância.
RAIOLA (R$ 43,42, garrafa com 500ml) – Azeite com aroma de fermentado e sabor insosso.
UNIAGRO (R$ 30,89, garrafa com 500ml) – Azeite com defeito de fermentação evidente, que também não agradou nenhum dos jurados, que consideram o sabor picante pouco agradável.