A propagação da covid-19 no Distrito Federal acende um alerta na área de saúde. A taxa de transmissão caiu de 1,09 para 1,07 de segunda-feira (17/10) para terça-feira (18/10), de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF). Isso significa que um grupo de 100 infectados pode contaminar outras 107 pessoas. O dado ainda é muito preocupante — o índice acima de 1 significa que o contágio está avançando e a pandemia ainda não pode ser considerada controlada. O recomendado é que fique abaixo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para a infectologista Joana D’Arc, o aumento também é um chamado para o autocuidado. Além disso, sinaliza para a avaliação da retomada de medidas protetivas, por parte das autoridades governamentais, especialmente se a evolução provocar novas hospitalizações e diminuir a quantidade de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os principais motivos para a ascensão de casos, segundo a especialista, perpassa pelo número de pessoas que ainda não se vacinaram — em razão da idade ou por opção.

Outro fator determinante, na avaliação de Joana, está vinculado ao período eleitoral. “O aumento de expostos cresceu, estamos em um momento de mais aglomerações por causa das eleições”, analisa. Por isso, ainda que não se saiba como estará o cenário da crise sanitária nos próximos meses, Joana volta a reiterar a importância de cumprir os papéis de proteção básica já conhecidos pela população, como distanciamento social, uso de máscara e álcool gel, entre outras ações.

Com febre, calafrios e falta de ar, Maria Eduarda Neves, 20 anos, foi diagnosticada com covid-19, no início de outubro. Com apenas duas doses, a estudante faz parte dos quase 550 mil brasilienses aptos a tomar o reforço, mas que ainda não o fizeram. Maria é asmática e terá de ficar em isolamento até o dia 25 de outubro. Agora, a jovem pretende completar o esquema vacinal. “Todo mundo tem que tomar as vacinas para poder reduzir a taxa de mortalidade no país e ajudar os mais vulneráveis à doença”, reflete. 

De acordo com o boletim epidemiológico desta terça-feira (18/10), o DF registrou mais 2.142 novos casos de covid-19. Desde o início da pandemia, 839.845 pessoas contraíram a doença. Destas, 827.769 estão recuperadas e 11.831 perderam a vida.

Nova variante

Diante da realidade em que muitos brasilienses não concluíram o ciclo vacinal ou sequer tomaram a primeira dose, a Copa do Mundo, em novembro, e as festividades de fim de ano podem levar ao aumento de diagnósticos positivos e de óbitos, além de propiciar o surgimento de uma nova variante. “As pessoas naturalmente vão se aglomerar. Brasília é um corredor internacional. Com esse trânsito, pode ser que aconteça”, adverte Fabiano.

Apesar da alta na taxa de transmissão, a última morte provocada pelo vírus foi registrada em 29 de setembro. O diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde (SES-DF), Fabiano dos Anjos, atrela o fato de a capital estar há 20 dias sem óbitos à vacinação. Para ele, é fundamental que esse trabalho seja intensificado, aliado à testagem daqueles que apresentarem sintomas da doença. “Essas duas frentes são ações estratégicas para conter esse avanço”, detalha. 

Busca pela imunização

Flávia Gonçalves levou toda a família para a UBS 02, na Asa Norte, para proteger todo mundo. A oftalmologista, 43, diz que a desinformação e a ignorância afetam a busca pela imunização “Só quem viveu a pandemia de perto e perdeu um ente muito querido sabe a importância da vacina”, afirma.

Pedro Medeiros, 12, filho da médica, recebeu a dose de reforço contra a covid-19. Aos 12 anos, o adolescente sabe o que é necessário para evitar um novo surto do coronavírus. “A gente tem que se vacinar para prevenir, acabar logo com essa pandemia e não morrer”, ensina.

A filha mais nova, 3, tomou a gotinha contra poliomielite que, até o momento, teve apenas 44% do público-alvo imunizado. Grávida, no fim da gestação, Flávia está com as vacinas em dia. 

*Estagiários sob a supervisão de Malcia Afonso