Alunos participam de uma cerimônia de hasteamento da bandeira, no Dia da Educação para a Segurança Nacional, numa escola em Hong Kong,
No dia 11 de maio, foi inaugurada a primeira Escola Chinesa Internacional (ECI), no Brasil, pelo Partido Comunista da China (PCC), conforme a Revista Oeste. O projeto se tornou possível através do apoio financeiro de empresários chineses que residem no Rio de Janeiro e de empresas chinesas sediadas no país.
A instituição seguirá o modelo da educação básica da China “praticando a aprendizagem diligente, rigorosa e autodisciplinada”, como o site da escola anuncia.
Os chineses têm usado sua influência em diversos países, principalmente nas áreas educacional, econômica, militar e cultural. Não é de hoje que eles entendem seu papel hegemônico no mundo.
De acordo com o Sputinik Brasil, desde que a China foi alçada à condição de potência global, Pequim entende o poder brando como uma ferramenta que pode ajudar a mitigar, a longo prazo, a teoria da “ameaça da China”, bastante difundida na América Latina e na União Europeia.
Tentando convencer o mundo
O país quer convencer a comunidade internacional da natureza pacífica da sua ascensão, e as “oportunidades” que representa para seus parceiros comerciais.
Sua chegada ao Brasil, em 2021, através de uma escola, vem com um slogan atrativo que promete “revelar talentos excepcionais”. A instituição enfatiza, ainda, que esta é a primeira escola chinesa em um país estrangeiro, dando a entender que onde nasce uma, em seguida aparece outra.
Segundo o Sputnik, que fez uma investigação sobre a chegada dos chineses à educação infantil no Brasil, o ensino escolar pode influenciar positivamente a imagem da China.
A diretora da Escola Chinesa Internacional, Yuan Aiping, afirmou que “o governo chinês estimula uma educação muito rigorosa”, e que um diferencial que ela pode notar entre China e Brasil é o respeito à figura do professor.
“Aqui nós tivemos que ensinar o aluno brasileiro a respeitar o professor. A não falar enquanto um profissional fala. São pequenas mudanças, mas que fazem a diferença no resultado final”, observou.
Livros didáticos chineses
Lucas Melo é professor brasileiro e falou sobre sua experiência na escola. “Na minha carreira foi um impacto muito grande. Nós não adotamos livros didáticos externos, e todo o material é reproduzido aqui na Escola Chinesa Internacional. Nós temos recursos, computadores, tudo que a gente precisa”, disse.
Questionado sobre a metodologia da ECI e as diferenças com os critérios pedagógicos praticados no Brasil, o professor disse que “dentro do conteúdo de história e geografia, o diálogo é essencial. E é nessa parte que entra a sinergia, com os ensinamentos de Confúcio”, contou.
“Quando a gente pensa em um país que é muito distante, com um sistema político diferente, como é o caso da China, com absoluta certeza a questão da educação, e essa questão das vacinas é muito importante, também, assim como a culinária, a religião, e o próprio idioma, tudo isso faz parte de um ‘pacote muito interessante’ que facilita o contato entre os povos, e é claro que também facilita a influência, que é o objetivo da China”, afirmou.
“Os brasileiros precisam valorizar a cultura da China”
Ainda segundo o professor, “os brasileiros precisam aprender a valorizar essa cultura de excelência da China”. Ele diz que quer trazer para o Brasil o pensamento da China sobre a educação, e que isso tem um grande valor no mercado. “É só observar como os brasileiros abraçaram a ECI”, acredita ele.
“O ensino da China traz consigo valores muito importantes para a sociedade, de família, de conhecimento. Nosso orientador é o nosso pensamento Confúcio”, revelou.
O programa “Instituto Confúcio” começou em 2004, na Coreia do Sul e seu objetivo é promover a língua e a cultura de seu país. Dez anos depois de sua estreia, haviam mais de 480 Institutos Confúcio em cerca de 50 países, em cinco continentes.
A expansão destas instituições de ensino acompanha o desenvolvimento meteórico da economia chinesa.
Moeda de propaganda do governo da China
Há quem diga que a instituição serve como moeda de propaganda do governo da China, e que, inclusive, regiões Taiwan e Tibete tornaram-se tabus nas discussões acadêmicas entre professores chineses e alunos.
Além disso, existem outras queixas. A Universidade Osaka Sangyo, do Japão, em 2010, rescindiu seu contrato com o governo chinês alegando espionagem, mas eles não conseguiram comprovar
Vale lembrar que, em 2017, o governo de Trump disse que “a América Latina não precisa de outras potências externas egoístas, que buscam defender seus próprios interesses”.
Os brasileiros aceitaram a Escola Chinesa Internacional?
Segundo a diretora da escola, houve alguns episódios de preconceito e um sentimento anti-China, mas ela enfatizou muito mais a aceitação da população e disse que mesmo durante a pandemia as vagas se esgotaram em apenas um mês. “Temos filhos de políticos e muitos filhos de deputados”, finalizou.
Fonte: Guia-me com informações de revista Oeste