O valor da tarifa de energia vem escalando. Nesta semana, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a criação de uma nova bandeira tarifária, acima da vermelha 2 – que já era a mais cara. A nova tarifa extra cobrada na conta de luz dos brasileiros passou de R$ 9,49 para R$ 14,20 a cada 100 kWh.
Assim, eletrodomésticos podem virar os vilões do orçamento doméstico, já que geladeira, chuveiro e aquecedor e ar-condicionado costumam puxar o consumo de luz.
A geladeira de duas portas, por exemplo, é o aparelho que mais consome energia elétrica – em média 55,00 kWh/mês – pois precisa ficar ligada 24 horas.
O consumo foi calculado pelo Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), a pedido do CNN Brasil Business.
O cálculo considera o uso ininterrupto do eletrodoméstico no período. Já uma geladeira mais simples, de uma porta e sem a tecnologia frost-free, gasta, em média, 30,00 kWh por mês. Com este consumo, o refrigerador, com base nos dois modelos, geraria um custo médio entre R$ 21,60 e R$ 40,32 por mês na conta de luz (veja a tabela completa abaixo).
Como calcular o consumo
Para calcular o consumo de qualquer eletrodoméstico ou eletrônico em casa, basta chegcar a potência do aparelho. Essa informação é dada pelo fabricante nos manuais e nas embalagens dos produtos. Para calcular o consumo, é só multiplicar a potência pelo tempo de funcionamento em horas.
Uso consciente
Clauber Leite, coordenador do programa de energia do Idec, entende que a principal preocupação é com os efeitos que aumento das tarifas pode causar aos mais pobres da população, que já são os mais afetados pelo desemprego e pela inflação.
Segundo ele, qualquer elevação agora afeta diretamente as condições de consumo e sustento das famílias brasileiras, que necessitam ainda mais da energia neste momento de pandemia da Covid-19.
“A atual crise climática já era prevista desde o início do ano. Medidas preventivas poderiam ter sido tomadas para se evitar este cenário preocupante. Destaco estímulos à eficiência energética e investimento em outras fontes de energia, como eólica e solar, com estruturação rápida, e que poderiam ajudar a poupar água dos reservatórios”, disse Leite.
Para ele, o ideal seria se antecipar à crise hídrica, mas, agora, “inevitavelmente o consumidor irá pagar mais uma vez por ineficiências do setor”. “Além de mandar a conta é preciso verificar maneiras de reduzir encargos”, completa.
Juliana Inhasz, professora e coordenadora da graduação de economia do Insper, a energia elétrica, como recurso básico e necessário ao brasileiro, tem se tornado motivo de preocupação. Começando pelo fato de que os brasileiros estão tendo a exigência reduzir seu consumo com a crise de fornecimento.
“O consumidor agora tem que fazer contas para não ter um orçamento pesado. Eletrodomésticos são, sim, grandes vilões da conta de luz. Principalmente os que necessitam de mudança de temperatura — ar condicionado, aquecedor, chuveiro elétrico, ferro elétrico, panela elétrica, secadora de roupas [..]”, disse Inhasz.
Ela ainda reforça dicas de como os brasileiros podem lidar com essa alta na conta de luz e evitar gastos excessivos. “É preciso um pouco mais de parcimônia neste momento. Mesmo com os aparelhos com baixo nível de consumo, o cuidado deve ser redobrado. Estamos em um período, sim, de consumo consciente. Todos vão se adaptar facilmente”