O Distrito Federal tem a maior taxa de saneamento básico do país. Segundo um levantamento do Instituto Trata Brasil, 99% da população têm água potável e o tratamento de esgoto chega a 89% dos moradores de Brasília.

A pesquisa tem como base dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), gerenciado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Os dados, no entanto, não consideram as áreas não regularizadas na capital.

Para o hidrólogo Henrique Leite Chaves, o índice favorece a capital devido à área do DF, que é pequena e primariamente urbana. O especialista afirma que a manutenção do saldo positivo depende diretamente da gestão dos recursos hídricos, que enfrenta desafios como o crescimento da população, poluição de mananciais e seca (saiba mais abaixo).

Ranking nacional

Segundo o levantamento, a capital federal é uma das três unidades da federação que apresentam condições de atingir as metas do Plano de Saneamento Básico (Plansab). O documento, de 2013, estabelece mínimos de investimentos necessários para o abastecimento.

Além do DF, o pequeno grupo com avaliação positiva é formado por São Paulo e Paraná. De acordo com os dados do SNIS, o Distrito Federal investiu, entre 2014 e 2018, cerca de R$ 1,2 bilhão em serviços de saneamento.

Veja ranking nacional abaixo:

Saneamento básico — Foto: Economia G1

Saneamento básico — Foto: Economia G1

Encanamento sem água

Para o hidrólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Henrique Leite Chaves, a dimensão do DF favorece os resultados positivos.

“A cobertura é indiscutivelmente a maior. Somos a menor unidade federativa, com uma população majoritariamente urbana”, diz o professor.

Para o especialista, a manutenção dos índices de abastecimento dependem de gestão hídrica, sob o risco da capital perder a disponibilidade e qualidade da água. “Por conta da nossa geologia, é como se a gente estivesse em cima de um telhado [considerando a altitude do DF], a água corre para todos os lados. Os rios que abastecem 80% da população são pequenos”, explica Henrique Leite Chaves.

Reservatório de Santa Maria em 2017, ano de racionamento de água no Distrito Federal — Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Reservatório de Santa Maria em 2017, ano de racionamento de água no Distrito Federal — Foto: Tony Winston/Agência Brasília

O pesquisador afirma que os reservatórios da capital não conseguem regular a água. “Quando temos anos mais secos consecutivos, como ocorreu de 2014 a 2017, há escassez hídrica, e foi a escassez que resultou no racionamento”, aponta.

Ainda de acordo com Henrique Leite Chaves, a capital deve investir na proteção de mananciais para inibir a poluição, além de políticas de reúso da água e a manutenção da rede de abastecimento, para evitar perdas com vazamentos.