Entenda a importância do dia 20 de junho para milhares de refugiados e como essa realidade afeta os cristãos perseguidos.

O Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, é uma data instituída pela ONU para reconhecer a importância dos refugiados em todo o mundo, que são exemplos de resiliência e coragem. Nesse dia, destacam-se também os desafios e a situação desse grupo social, muitas vezes ignorado pela comunidade internacional.  


Atualmente, 117,3 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a deixar suas casas devido a guerras, instabilidade socioeconômica, perseguição religiosa e outras violações dos direitos humanos. Dentre elas, 43,4 milhões de pessoas deixaram seu país de origem em busca de segurança e melhores condições de vida fora de seus países de origem, tornando-se refugiadas. De acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2024, 16.404 refugiados são cristãos perseguidos.  


Muitos dos cristãos refugiados no mundo atual foram alvos de grupos extremistas, como o Talibã, no Afeganistão, ou viviam em países com conflitos violentos, como a Síria. Quando a situação se torna insustentável, muitas vezes com risco de vida, eles são forçados a deixarem sua casa e país de origem. Apesar dos desafios, eles demonstram grande coragem e compartilham o amor de Deus no país onde se abrigam e se tornam fontes de esperança em meio a grandes perdas. Confira o testemunho de Duck*, um evangelista refugiado norte-coreano. 



Origem do Dia Mundial do Refugiado 


Acampamento de refugiados afegãos 


Dia Mundial do Refugiado foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2000. Ele é celebrado anualmente no dia 20 de junho, pois nessa data, em 1951, na Convenção de Genebra, foi estabelecido o Estatuto dos Refugiados, um documento histórico criado após a Segunda Guerra Mundial. O Estatuto dos Refugiados tem como finalidade proteger os direitos das pessoas obrigadas a deixarem seus países de origem por causa de conflitos e outras violações graves de direitos humanos.  

Diferença entre refugiados e deslocados internos 

Os refugiados são indivíduos que foram forçados a deixar seu país de origem por razões relacionadas a conflitos armados, questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a grupo social ou opinião política, desastres climáticos, bem como violação grave e generalizada de direitos humanos, e cruzaram uma fronteira internacional em busca de segurança. Eles são protegidos por leis e convenções internacionais que garantem seu direito ao asilo enquanto estão longe do país de origem. 


Os deslocados internos permanecem dentro de suas fronteiras nacionais e enfrentam desafios semelhantes aos dos refugiados, mas sem a proteção internacional que os refugiados recebem e sem sair de fato do país natal. Eles frequentemente vivem em condições precárias, em acampamentos e abrigos improvisados em cidades próximas ou áreas menos instáveis no próprio país, e são vulneráveis a violações contínuas dos direitos humanos. Mais de 350 famílias cristãs que foram obrigadas a fugir e vivem como deslocadas internas sob árvores no Níger são exemplos dessa realidade. Saiba mais. 

Em 2023, o mundo atingiu a maior quantidade de deslocados internos já registrada 


Segundo o relatório de 2024 do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR, há 68,3 milhões de deslocados internos no mundo. De acordo com a organização, em 2023, o mundo atingiu a maior quantidade de deslocados internos já registrada. Um dos fatores que contribuíram para o aumento foi o avanço da violência no Oeste Africano, especialmente na Nigéria, em Burkina Faso e República Democrática do Congo, que gera uma crise humanitária que afeta milhões de pessoas.  

Estatísticas globais de refugiados  

Crescimento do número absoluto de refugiados entre 2010 e 2022 


De acordo com o relatório de 2024 do ACNUR, mais de 117,3 milhões de pessoas estão em situação de deslocamento, ou seja, foram forçadas a deixar seus locais de origem por diferentes tipos de conflitos. O número inclui refugiados, requerentes de asilo, deslocados internos e outros.  


O índice de deslocados continua a crescer rapidamente com o aumento das crises humanitárias e dos conflitos. Apenas entre 2021 e 2022, por exemplo, surgiram mais de dez milhões de refugiados, o maior aumento registrado na história recente, resultado principalmente da guerra entre Ucrânia e Rússia nesse período. 


Do total, 40% são menores de 18 anos de idade, segundo o ACNUR e, com frequência, ficam mais vulneráveis em acampamentos de refugiados. Segundo o relatório World Migration Report 2024, a Turquia permanece como o país que mais recebe refugiados, com mais de 3,6 milhões pessoas abrigadas. Mas alguns deslocados puderam voltar para casa. Em 2022, 339 mil refugiados voltaram para seu país de origem, 21% a menos que em 2021. Ou seja, ainda há milhões de refugiados impedidos de voltar para seus países. 

Principais países de origem dos refugiados 



Segundo o relatório World Migration Report, os dez principais países de origem dos refugiados são: Síria, Ucrânia, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar, República Democrática do Congo, Sudão, Somália, República Centro-Africana e Eritreia. Ao todo, 87% dos refugiados saem dessas nações que também fazem parte da Lista Mundial da Perseguição 2024, exceto Ucrânia e Sudão do Sul.  





Entre essas nações, apenas a Ucrânia é a mais recente em crise de deslocamento. Os outros já são conhecidos pelo grande número de deslocados há alguns anos. A Síria, com 6,5 milhões de refugiados, permanece como a maior crise de deslocados do mundo atual. Em segundo lugar, está a Ucrânia, com 5,7 milhões de refugiados e, por fim, o Afeganistão, também com 5,7 milhões de refugiados, que se destaca como origem de refugiados há 30 anos. 

Apesar de empatados quanto ao número absoluto de refugiados, por causa da velocidade de aumento no número de deslocados, a Ucrânia ultrapassou o Afeganistão no ranking, pois em pouco mais de dois anos, alcançou o número de refugiados que o Afeganistão apresenta após 30 anos.   


Qual a relação entre os refugiados e a perseguição religiosa?

Menina refugiada síria cuja perna foi ferida por bomba durante a guerra 


A maioria dos países afetados pela crise de refugiados estão na Lista Mundial da Perseguição e na Lista de Países em Observação, o que quer dizer que os cristãos perseguidos também são afetados. Muitos precisam abandonar suas casas e vilas para se refugiar em outras cidades ou países, sob condições mínimas de sobrevivência apenas por seguirem a Jesus Cristo. De acordo com o relatório World Migration Report, em países do Oriente Médio e da África Subsaariana, os refugiados cristãos são particularmente visados. Eles estão sujeitos a sequestro, tortura, roubo e agressão física por gangues e traficantes de pessoas, além de abusos cometidos por grupos extremistas. Por isso, eles precisam cada vez mais de nossas contribuições e orações. 
 


Ao longo dos anos, mostramos as condições de irmãos e irmãs que, como fugitivos, precisam abandonar casas e vilas para se refugiar em outras cidades, sob condições mínimas de sobrevivência, por seguirem a Jesus Cristo. Em diversos países, a ação de grupos islâmicos extremistas como o Estado Islâmico no Oriente Médio e o Boko Haram na África, também leva muitos cristãos a zonas de refúgio.  


Em muitos casos, a sensação de estarem sozinhos e sem esperança toma o coração dos refugiados. Por isso, as orações e o trabalho de parceiros locais da Portas Abertas que oferecem alimento, cuidados pós-trauma e encorajamento é essencial para que eles encontrem forças para permanecer em Cristo e serem sal e luz onde estiverem enquanto não podem voltar para sua terra natal.    


Como a Portas Abertas auxilia os refugiados?  


Nos países que abrigam cristãos, há igrejas dedicadas ao serviço de refugiados, além de vários projetos da Portas Abertas em andamento, em que muitos voluntários e colaboradores se preocupam com as necessidades físicas, emocionais e espirituais de cada um deles. No entanto, em alguns países, a demanda é maior que o oferecido, principalmente quando a igreja local ainda tem de lidar com a discriminação religiosa na própria sociedade, como acontece na Turquia

Projeto de futebol da Portas Abertas com jovens refugiados afegãos  


A Síria, país de origem do maior número de refugiados do mundo era o lar de Abud*, a esposa e os quatro filhos. A família fugiu para viver em uma tenda solitária, armada em um campo nos arredores de Zahle, no Líbano. Essa é uma das muitas famílias muçulmanas que recebem o apoio da igreja local. “Disseram-nos que a igreja distribuía comida. Ela realmente nos dá um bom apoio”, compartilharam. Um dos colchões dispostos no chão também foi doado pela igreja, que recebe apoio da Portas Abertas para o socorro de refugiados sírios. 


Na Ásia Central, parceiros locais da Portas Abertas atuam também no cuidado de jovens refugiados afegãos. Muitos chegaram à região depois de fugir da perseguição extrema promovida pelo Talibã e tinham dificuldade para criar vínculos e se libertar da tensão. No projeto, o futebol é um recurso de diversão, acompanhamento e discipulado para os jovens afegãos refugiados.  

Qual a diferença entre o Dia do Refugiado e o Dia do Imigrante?


A principal diferença entre um refugiado e um imigrante é a motivação das pessoas para a saída de seu país. Os refugiados se deslocam para outro país por motivo de guerra ou perseguição em seu país de origem, com baixíssima possibilidade de escolha. No caso dos imigrantes, a saída do país tem por objetivo conseguir melhores condições de vida ou sobrevivência e é resultado de uma escolha individual. Por conta disso, o Dia do Imigrante é comemorado em outra data, em 25 de junho. É importante saber a diferença entre os dois porque ao considerar refugiados como imigrantes, tira-se o peso da proteção legal que tais pessoas necessitam.  


*Nomes alterados por segurança.

Leve esperança para cristãos refugiados 

Convidamos você a se unir a nossos irmãos na fé refugiados. Você pode orar por eles e contribuir com alimento, água e ajuda emergencial para os que foram forçados a fugir de suas casas. Apoie

Fonte: https://portasabertas.org.br/