A ida ao banco, nesta quarta-feira (22), foi diferente para Orleans Camargo, 34 anos. Ele é surdo e contou com a ajuda de um intérprete em língua brasileira de sinais (libras) para mediar a comunicação no local. Essa é uma das ações que o GDF tem adotado com foco em transformar a capital em um lugar acessível para mais de 600 mil pessoas que têm algum tipo de deficiência. Na terça-feira (21), o Estatuto da Pessoa com Deficiência foi sancionado pelo chefe do Executivo local.

“O governador Ibaneis Rocha tem uma comunicação muito grande com as pessoas com deficiência”, avalia Orleans. “Era uma lei que esperávamos há muito tempo. Ter alguém que possa me acompanhar para facilitar o atendimento é muito importante. Se eu fosse sozinho, não ia conseguir me comunicar.”

Além do intérprete, o usuário surdo que precisa de atendimento fora da Central de Interpretação em Libras (CIL), localizada na estação do metrô da 112 Sul, também conta com um veículo para o transporte. O agendamento é feito presencialmente ou pelo WhatsApp (61) 99361-3668, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O serviço começou este mês e já atendeu 45 pessoas. São cerca de cinco por dia.

Leonardo Félix, 30 anos, é intérprete em libras há 15 anos. Desde fevereiro, ele compõe uma equipe de oito servidores da central que mediam a comunicação entre pessoas surdas. “Eu nasci nesse universo, pois meus pais são surdos”, conta. Para ele, o trabalho é uma missão. “É muito gratificante quando você ajuda [surdos] a serem compreendidos. Vejo o brilho nos olhos deles”.

Outras ações

A secretária da Pessoa com Deficiência, Rosinha da Adefal, ressalta que a pasta tem trabalhado, desde o início da gestão, por uma cultura mais inclusiva. “Minha experiência de vida me ensinou que a pessoa com deficiência precisa de inclusão, ou seja, estar na sociedade em igualdade de condições com as outras pessoas”, avalia. “Investimos na capacitação de servidores, além de focar na questão da acessibilidade em obras”.

A secretária da Pessoa com Deficiência, Rosinha da Adefal: “Minha experiência de vida me ensinou que a pessoa com deficiência precisa de inclusão, ou seja, estar na sociedade em igualdade de condições com as outras pessoas”

Segundo Rosinha, a sanção do Estatuto da Pessoa com Deficiência permitirá efetivar a inclusão. O propósito da lei é dar diretrizes normativas que asseguram o desempenho de todos os direitos garantidos pela Lei Orgânica do DF (LODF) e por outras leis distritais, para fortalecer a inclusão social e a condição de cidadão.

A norma também aborda a reserva de cargos e empregos para pessoas com deficiência (PCD). Continuam mantidos o direito de inscrição em concurso público e processo seletivo de qualquer natureza em semelhança igualdade de exigências aos demais candidatos.

Central on-line

De acordo com a secretária, a ideia é criar uma central on-line no próximo ano, para que o surdo não precise se deslocar até a CIL. “Qualquer órgão do GDF, empresas prestadoras de serviço, entre outros, entraria em contato com a central para que o intérprete faça a mediação on-line; dessa, forma conseguiremos atender mais pessoas”, explica.

A CIL, disponível pela secretaria, passa por reforma. Serviços de manutenção hidráulica e elétrica, pintura e adequação do espaço estão a todo vapor para dar mais conforto aos usuários. A obra tem previsão de entrega no próximo mês. Por enquanto, os atendimentos são realizados no Espaço do Idoso.

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