Quem vê a pequena Ayla da Silva Borges, de 1 ano e 8 meses, não imagina que a garotinha nasceu com estrabismo severo e já passou por cirurgia de correção. Atendida no ambulatório de oftalmologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), a menina passou pelo procedimento com apenas 1 ano de idade. Ela foi diagnosticada ainda aos quatro meses de vida.

“Ela tinha estrabismo severo sem solução com tampão ou óculos. Desde o início, a equipe médica me deixou muito tranquila, pois eu tinha receio por ela ser tão pequena. A cirurgia foi um sucesso e, hoje, os olhos dela são perfeitos. Nem parece que um dia foi estrábica”, relata a mãe, Adrielle Borges. Com boa recuperação, sem nenhuma intercorrência, Ayla recebeu alta hospitalar no mesmo dia da intervenção.

O Hran é referência em cirurgia de catarata congênita e glaucoma congênito em crianças e adolescentes. Apenas o hospital realiza intervenções desse tipo no DF, sendo que um dos ambulatórios de oftalmologia é exclusivo para atendimento de pacientes de até 15 anos. Em 2022, o local atendeu 620 pacientes com estrabismo e fez 450 avaliações de retina de recém-nascidos. Além disso, foram realizadas 94 cirurgias de estrabismo e 21 procedimentos de catarata em crianças.

Tratamento precoce

Referência técnica administrativa de oftalmologia do Hran, Cassiano Rodrigues Isaac ressalta que muitos problemas oftalmológicos em crianças têm um momento ideal para serem tratados. Isso significa que o procedimento fora do tempo correto pode não alcançar o melhor resultado e, inclusive, levar à cegueira. “Nós atendemos desde recém-nascidos até crianças maiores com problemas visuais diversos, com destaque para estrabismo, glaucoma, catarata, retinopatia da prematuridade, pálpebra caída e os erros refracionais [graus]”, exemplifica o médico.

Com catarata avançada e risco de perda da visão, Luna Ferreira, 10 anos, também foi operada no Hran. O problema foi identificado após exames porque ela tinha dificuldade de enxergar. “Hoje, a Luna enxerga bem, usa óculos só para ajudar na correção de grau. É nítida a dedicação desses profissionais com o trabalho que realizam”, conta a mãe, Vanderlice Ferreira. Em seis meses, a criança retornará para raspagem, procedimento previsto no tratamento.

Porta de entrada

“Desde que começou a estudar, ele se queixava que não enxergava bem. Após uma consulta, começou a usar óculos e, mesmo assim, as reclamações continuaram. Por isso, decidimos investigar a fundo”, relembra Raquel Silva, mãe de Bryan Oliveira Silva, 9 anos. Diagnosticado com catarata congênita no cristalino, o menino foi submetido à cirurgia para correção no fim de julho. Primeiro, operou o olho direito. Em setembro, voltará ao oftalmologista para reavaliação e marcação do procedimento no outro olho.

A porta de entrada na rede pública para atendimento são as unidades básicas de saúde (UBSs). Depois, os profissionais encaminham os pacientes para as especialidades. Bryan, por exemplo, teve o primeiro atendimento em uma unidade de Planaltina, onde mora. Depois, foi direcionado para exames no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Devido à gravidade e urgência do caso, em seguida, passou para o procedimento cirúrgico no ambulatório do Hran.

Balanço

Em 2023, até junho, a unidade de oftalmologia do Hran já realizou 337 cirurgias e 190 procedimentos ambulatoriais

Ao todo, incluindo os pacientes adultos, a unidade de oftalmologia do Hran somou, em 2022, 1.144 intervenções. Dessas, 596 foram de facoemulsificação com implante de lente intraocular dobrável, 123 de trabeculectomia (cirurgia a laser em pacientes com glaucoma) e 102 de correção cirúrgica do estrabismo. Outras 323 referem-se à retirada de corpo estranho da córnea (92), injeções intravítreo (76) e tratamento cirúrgico de pterígio, conhecido como carne no olho (155). Em 2023, até junho, já são 337 cirurgias e 190 procedimentos ambulatoriais.

Os ambulatórios de oftalmologia do Hran atendem toda a população do Distrito Federal e de outros estados, por encaminhamento. Funciona todos os dias da semana, atendendo pacientes marcados pela regulação. A unidade tem atendimento de urgência também, mas para questões eletivas não há agendamentos no local, sendo necessário o encaminhamento dentro da rede.

*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal