Previsto para ser suspenso nesta segunda-feira, quando completa 15 dias de vigência, o Decreto 41.849, que estabeleceu regras mais rigorosas para o controle da disseminação do coronavírus na cidade, deverá permanecer em vigor, segundo afirmou o governador Ibaneis Rocha ao Jornal de Brasília. De acordo com ele, “a resposta ainda não é muito positiva e estamos vivenciando um momento grave”. O governador também não fez, por enquanto, uma avaliação dos efeitos das novas medidas de controle da pandemia.
O Decreto 41.849, publicado no dia 27 de fevereiro, atinge cerca de 35 mil estabelecimentos comerciais em todo o DF, entre salões de beleza, restaurantes, bares, clubes recreativos, shoppings, casas de festas, comércio ambulante, foodtrucks, etc. Empresários alegam que já estão pagando as dívidas contraídas em 2020, no primeiro período de fechamento do comércio, e que o número de falências desta vez será muito maior. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista), Sebastião Abritta, disse que há uma promessa do governador Ibaneis para que as atividades sejam retomadas no dia 23 de março, mas mantendo o toque de recolher.
“Estamos insistindo na compra de vacinas, insumos e abertura de leitos”, afirmou Abritta.
Taxa de transmissão ainda alta
Por outro lado, a pandemia não dá sinais de trégua no DF. No dia 12 de março, a taxa de transmissão de casos de covid-19 era de 1,12, mostrando uma queda gradativa, uma vez que no dia 7 chegou a 1,35. Mas no dia seguinte, sábado, dia 13, o indicativo voltou a subir, sendo registrada uma taxa de transmissão de 1,22. Ou seja, no DF 100 pessoas contaminadas passam a doença para 122 outras. O ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é que a taxa de transmissão seja menor que 1, quando a epidemia tende a acabar.
A lista de espera por um leito de UTI no DF também só cresce. Nas últimas 24 horas houve um aumento de 79 pessoas neste grupo. Na tarde de sábado, apareciam 232 pessoas na lista de espera da sala de regulação da Secretaria de Saúde. Ontem, às 16h, havia 311 pacientes precisando de acomodações em UTI. Deste total, 100 estavam inscritas com prioridade 1, ou seja, encontravam-se em estado grave, precisando com rapidez de um leito. Também faziam parte deste grupo, sete pacientes que já estavam na terapia intensiva, mas que precisavam ser transferidos para leitos que atendessem às suas necessidades.
O percentual de ocupação dos leitos na rede pública, que no sábado chegou a permanecer por várias horas em torno de 86%, ontem era de 90,13%. Nos hospitais da Polícia Militar, de Taguatinga, da Ceilândia, de Santa Maria e do Guará a lotação foi de 100% durante todo o domingo. No HRAN, unidade de referência para o tratamento da covid-19, a ocupação era de 94,23%, com apenas três leitos de UTI neonatal disponíveis. Na rede particular, dos 328 leitos de UTI covid colocados à disposição, apenas quatro estavam disponíveis, em três hospitais. A taxa de ocupação era de 98,77%.
Mesmo com os sistemas de saúde públicos e privados próximos ao colapso, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro realizaram uma carreata ontem, em Brasília, contrária às medidas restritivas em vigor no DF.