Quem circula pelo Distrito Federal vê com facilidade carros estacionados de forma irregular. Além de ser uma infração de trânsito, veículos parados em locais inapropriados podem causar transtornos ao tráfego. Segundo o Departamento de Trânsito (Detran-DF), no ano passado foi registrado aumento de 44,46 % no número de infrações por estacionamento irregular em relação ao ano anterior. Foram  139.419 ocorrências em 2021 e 198.617 em 2022.

Correio percorreu alguns dos pontos onde há mais reclamações em relação a estacionamentos na região central de Brasília e ouviu queixas de motoristas que enfrentam todos os dias o desafio de achar uma vaga para deixar o veículo.

Um desses pontos é o Setor de Autarquias Sul (SAS), que concentra grande quantidade de órgãos públicos e empresas privadas. Quem circula todos os dias por ali sabe que nem todos os condutores respeitam as regras de trânsito e que um lugar em estacionamento vale ouro, principalmente em dias úteis. Tafnes Souza, 40, é taxista e vê com frequência carros parados em fila dupla nas ruas do SAS. “Nunca fiquei trancado em uma vaga, mas já houve vezes que o motorista estacionou em uma das vagas dos taxistas, situação em que temos que chamar a polícia para multar e retirar o carro do local”, desabafa o taxista, que também se queixa de que nem sempre os agentes de segurança comparecem para punir o infrator.

Setor Comercial Sul (SCS) é outra região conhecida pela dificuldade de ter vagas de estacionamento. Durante o breve passeio que a reportagem fez no local, foi possível flagrar diversos veículos estacionados fora dos pontos delimitados ou parados em fila dupla. A quantidade de carros é tão grande que é preciso circular em baixa velocidade pelas passagens estreitas que restam para a circulação. A situação é agravada por obras que estão sendo feitas em alguns trechos da área.

Joel Teixeira, 34, fala que o alívio é que o sindicato onde trabalha como motorista tem uma garagem própria, mas sabe bem a dificuldade de achar um lugar conveniente no SCS. Ele relata que não é raro ver motoristas presos em vagas porque outros pararam em local inadequado. “No entanto, eu sempre procuro parar o veículo em locais apropriados para evitar dores de cabeça com o Detran”, diz. Durante os poucos minutos em que o Correio conversou com Joel, que estava dentro do carro na vaga, quatro motoristas passaram fazendo a mesma pergunta: “Tá saindo agora?”.

  • Estacionamento com carros parados em fila dupla no Conjunto NacionalMinervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Estacionamento com carros parados em fila dupla no Setor Comercial SulMinervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Estacionamento com carros parados em fila dupla no Setor Comercial SulMinervino Júnior/CB/D.A.Press

Na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, em frente ao Conjunto Nacional, a história é a mesma. Faltam vagas e alguns condutores optam pela imprudência. “A dificuldade para estacionar é grande e ainda enfrentamos o assédio dos flanelinhas”, protesta o motorista de aplicativo Dalton Maia, 24, que também é contra a ideia de os espaços de estacionamento deixarem de ser gratuitos. “A solução é a melhoria do transporte público, para que as pessoas passem a deixar mais o carro em casa para ir trabalhar”, sugere.

Infração

Estacionamento irregular é uma infração prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). As penalidades variam de acordo com a situação, com multa e pontuação na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O Detran informa que é preciso que haja a placa que indique a proibição para estacionar, mas existem algumas situações em que não é necessária a sinalização, como a menos de cinco metros do bordo de alinhamento de uma via transversal; afastado mais de 50 cm do meio-fio da calçada; em pistas de rolamento de estradas e rodovias; em acostamentos, salvo motivo de força maior; ou sobre faixa de pedestre, ciclovia e ciclofaixa.

A infração por estacionamento irregular pode variar de leve a gravíssima. Os valores das multas ficam entre R$ 88,38 e R$ 293,47.