Confesso, vou me aproveitar de todo cenário para escrever umas coisas que andei pensando. A primeira delas pude observar em mim, sobre um ativismo ferrenho. Esse ciclo infinito de fazer e fazer e ainda enxergar o descanso como algo pejorativo. Trabalho em escola e ainda estudo, então com o decreto do governador minha vida entrou em hiato*. Sofri o impacto. Ainda estou sofrendo, é difícil parar.

Para alguém que era bastante caseira mudei muito devido a rotina cheia de tantos eventos. Quando me percebi com tudo isso, me questionei o porquê estava sendo tão difícil para mim parar. E meus amigos, entendi que estava colocando meu coração e satisfação em outras coisas e não no lugar em que deveriam estar. Resumindo: Criei ídolo no meu coração. Achei que minha identidade e valor encontravam-se na minha agenda tão ocupada. Voltei em mim numa oração desesperada e culpada, pedindo ao Senhor perdão por ter me esquecido que antes de fazer qualquer coisa, minha identidade é ser filha dele. Não uma estudante ou professora, ou qualquer outra coisa.

Ok. Isso tudo foi pra mim. Me aquietei um pouco (ainda estou no processo) voltei meus olhos para o cenário todo. Vi o medo ser espalhado de uma forma abrupta e irresponsável. Pessoas usando máscaras sem estarem doentes e meu sangue subindo a cabeça com a vontade de bater no ombrinho delas, e lembra-las que o uso dessas é recomendado só para quem já está doente. Percebi a falta de empatia e responsabilidade social do homem contaminado que saiu rodando Brasília a fora e recusando-se a fazer o teste. E que não se resume só a ele. Mas a todos nós. Ter higiene e evitar comportamentos bem básicos que não precisa ser ensinado em curso de etiqueta, é o mais elementar para quem vive em sociedade. Regra básica.

Percebi os cristãos proclamando versículos bíblicos fora de contexto, achando que o vírus vai se converter e meus amigos, não vai. Sim, temos que ter fé e confiança mas o vigiar vem antes do orar na Bíblia. Que vigiemos e tomemos todas as devidas precauções. Isso não é falta de fé, é sabedoria. E um dado para você: Na Córeia o vírus foi espalhado numa igreja com mais de 245 mil membros. Sendo que não era longe de onde todo o surto epidémico começou, no caso, na China.

O ponto e o tom desse texto não é com ar de julgamento, dedinho apontado, não me entenda assim. É descritivo, de todo cenário que eu e você estamos inseridos. E o mais importante que tenho percebido é me lembrar que Deus em toda sua soberania, não dá ponto sem nó. Tudo o que ele faz tem um propósito mesmo que não entendemos, nossa vida não é regida pelo acaso ou destino, mas pelo poder do Senhor.

Sendo assim, é bom perceber que tempos como esse são propícios para uma reflexão que pode determinar muitas coisas. Falo da eternidade. Pensar na morte, em doenças, catástrofes, o apocalipse como alguns exageradamente quiseram intitular, pois dessa forma pode ser despertado a curiosidade sobre o que vem depois da morte, a Bíblia já diz que é na casa do luto que se encontra mais sabedoria. Justamente por isso tenho orado e pedido ao Senhor que as pessoas pensem mesmo nisso, tenham temor sobre suas vidas, ou melhor, para onde elas tem encaminhado suas existências, de que forma têm vivido seus dias.

Pois é, há males que vem para bem. Oro, espero e confio que tudo isso irá passar, assim como H1N1, gripe suína, ebola (pelo menos nessa proporção) mas que o que foi entendido e refletido nesse tempo, dure para sempre. Oro pelas famílias enlutadas, pessoas em condições de risco, profissionais da saúde, pela Europa e por todos nós. Que Deus nos ajude. Faça sua parte. Higienize-se, não espalhe o medo e nem seja irresponsável com sua crença fora de contexto. Sigamos juntos! 


“Hiato: O termo hiato (em inglês: hiatus) é usado no meio televisivo, na internet e afins, quando há uma quebra na grade de programação ou uma interrupção no funcionamento de sites. Ocorre, por exemplo, em programas de TV que são semanais, saem do ar por um período de tempo e retornam a serem exibidos posteriormente.”

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