Os moradores de Vicente Pires planejam uma atividade inusitada para comemorar o avanço das obras de urbanização da cidade: uma corrida de carrinho de rolimã pelo novo asfalto da Rua 8. Não faltam motivos para a celebração. Resta apenas 1,4 quilômetro para concluir a pavimentação das vias da região administrativa, antes famosa por cenas recorrentes de enchente e alagamentos.Nesta semana, foi finalizada a pavimentação do último trecho da Rua 8, uma importante via que atravessa a cidade. Liga o Pistão Norte, em Taguatinga, diretamente à Rua 3, à única pista que liga a Estrada Parque Taguatinga Guará (EPTG) à via Estrutural. “É um local também muito movimentado por causa do comércio. Agora está tudo asfaltado”, afirma o administrador de Vicente Pires, Daniel de Castro Sousa.A Rua 8 tem 5,3 quilômetros de extensão e a maior parte dela, 3,5 quilômetros, já havia sido asfaltada, por empresas contratadas por licitação pela Secretaria de Obras. Após a conclusão das obras de drenagem, o governo incumbiu a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) de pavimentar o trecho ainda sem asfalto, entre a igreja católica até a Rua 3. ”Foi determinação do governador Ibaneis fazermos esses serviços logo. Se tivesse de esperar por outra licitação, o serviço atrasaria mais pelo menos seis meses para iniciar”, contabiliza o presidente da estatal, Fernando Leite.No total, a pavimentação do trecho consumiu pouco mais de dois meses da força de trabalho da Novacap. Os insumos foram financiados com recursos da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap), que investiu R$ 1,5 milhão na empreitada. “Todo o governo está empenhado em atender a demanda de Vicente Pires e é muito gratificante para todos nós ver o povo feliz com a obra”, completa Leite.Concluir até 31 de dezembroAgora, para toda a Vicente Pires ter asfalto, faltam a pavimentação de 200 metros da Rua 4A, próximo à administração regional, que precisa de um período de estiagem para ser feita; e a conclusão dos serviços de um trecho de 1,2 quilômetro na Rua 12, que está em obras.Com 3,2 quilômetros de extensão, a Rua 12 é um importante centro comercial de Vicente Pires. Em 2019, foram executados 442 metros de drenagem e pavimentação. No momento, a empresa HYTEC trabalha na execução da rede de águas pluviais e do asfalto: 1.554 metros de drenagem e pavimentação já foram feitos. Após a instalação das manilhas e do asfalto, serão feitos os meios-fios e as calçadas. O investimento é de aproximadamente R$ 15 milhões.Segundo Ricardo Terenzi Cardoso, subsecretário de Acompanhamento e Fiscalização de Obras, 85% da drenagem e 60% da pavimentação estão executados. Todas as manilhas devem ser colocadas até o fim deste mês e a previsão é que o asfalto fique pronto na segunda semana de dezembro. “Faltam 100 metros para conclusão da rede de drenagem e pouco mais de um quilômetro para fazer a pavimentação. Só preciso de dez dias sem chuva para passar a capa asfáltica”, diz Terenzi.Desde 2019, o GDF investe R$ 530,4 milhões na urbanização de Vicente Pires, um trabalho que envolve a contratação de dez empresas e gera 1.650 empregos. Na época, menos de 30% das vias de Vicente Pires tinha asfalto e 11 ruas estavam “abertas”, ou seja, com alguma obra em andamento ou parada. “A execução das obras já chega a 90%. O que era problema ontem agora tem solução definitiva”, afirma o governador Ibaneis Rocha.
ComemoraçãoA ideia de fazer a corrida de carrinho de rolimã surgiu da própria comunidade. Um dia, a professora Wercilene Gama Ribeiro Bonifácio, 49 anos, estava saindo do trabalho e voltando para casa quando passou pela Rua 8. Ao ver o asfalto pronto, imaginou o local cheio de pessoas praticando atividades físicas. “Nem caminhadas podíamos fazer aqui. Sempre precisamos sair de Vicente Pires para praticarmos alguma atividade de lazer. Além disso, acho que hoje em dia as crianças ficam muito em casa. Elas precisam ir para a rua brincar como antigamente”, diz.Em um grupo no whatsapp, ela falou da ideia para os vizinhos que logo toparam participar. Da iniciativa, surgiu o projeto Vem pra Rua VP, que tem comissão organizadora, reúne 20 moradores e já fez até a primeira reunião.
O projeto comunitário quer promover uma Rua do Lazer no trecho de um quilômetro da via, entre a interseção com a Rua 4A e a Rua 3. O evento está previamente marcado para 13 de dezembro, um dia sem chuvas, segundo a previsão do tempo.O desejo dos moradores foi ao encontro dos planos do administrador Daniel de Castro Sousa, que também participa do grupo. Ele já tinha mandado fazer um carrinho de rolimã pensando em descer o asfalto novo da Rua 3, onde antes até carros tinham dificuldade de transitar. “Sofremos demais na Rua 3. Os moradores ligavam para mim falando de um carro atolado lá. Íamos socorrer e voltávamos sujos de barro para a administração”, conta Daniel.Para a professora Wercilene Gama Ribeiro Bonifácio, os dias difíceis também ficaram para trás. “Sempre fiquei indignada ao ver meus alunos chegando na escola sujos de barro e ficarem presos até 21h esperando a água baixar para os pais conseguirem buscá-los”, diz. “Agora, a chuva voltou a ser uma bênção, não nos causa mais medo. É um sonho ver as ruas asfaltadas, com calçadas e meios-fios sendo feitos”, completa a professora que chegou a anunciar sua casa para venda, mas desistiu e tirou o anúncio. “Agora não saio mais daqui.”