Um estudo inédito feito por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer mostra que o novo coronavírus tem uma capacidade de variação genética maior em pacientes com câncer. Ou seja, o vírus Sars-Cov-2 tem um maior potencial de mutação no organismo de pacientes com câncer, do que os infectados que não têm câncer.
A hipótese mais provável é que a baixa imunidade dos pacientes oncológicos esteja ligada a maior variação do vírus. A pesquisa foi divulgada com exclusividade para a CNN Brasil.
Os pesquisadores descobriram ainda que uma mesma paciente foi infectada por duas variantes do vírus, no primeiro contágio. Esse é o primeiro caso de múltipla infecção pelas variantes do novo coronavírus relatado na literatura médica em pacientes com câncer.
O responsável pelos estudos, Marcelo Soares, explica que a diversidade genética do vírus em pacientes com câncer pode resultar no aparecimento de variantes mais transmissíveis ou mais letais. Por isso, essas descobertas podem ajudar no controle e prevenção da pandemia.
Para o pesquisador, a múltipla infecção pode gerar formas recombinantes mais agressivas do vírus ou que não sejam reconhecidas pelas vacinas existentes. É possível que muitos casos definidos como reinfecção sejam, na verdade, a reativação de uma variante viral pré-existente no indivíduo infectado, esclarece o pesquisador Marcelo Soares.
A pesquisa realizada em 57 pacientes e 14 profissionais de saúde do instituto foi publicada na revista Infection Genetics and Evolution, da Universidade de Oxford, há duas semanas.