A ex-merendeira Mariana da Silva Nascimento, 65 anos, que mora em Formosa (GO), tornou-se na quarta-feira (21) a protagonista de um novo marco histórico alcançado pelo Núcleo de Medicina Nuclear do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). A aposentada fez o milésimo exame por PET-CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons), aparelho de ponta também conhecido como pet scan, usado para atender pacientes de câncer.

“Enfrentamos muitos problemas, tivemos uma pandemia que drenou enormes recursos, mas não vamos desistir de oferecer um sistema de saúde cada vez melhor. A marca do milésimo exame feito num aparelho que encontramos encaixotado é parte importante desse esforço e um incentivo para que continuemos investindo para oferecer um serviço de qualidade para toda a população. Parabéns aos profissionais de saúde e a todos os envolvidos nesse caso de sucesso”Ibaneis Rocha, governador

Depois de a atual gestão do Governo do Distrito Federal (GDF) alcançar esse marco, superando adversidades dez anos e seis meses após a compra do aparelho em 2012, a maior unidade de saúde pública do DF está empenhada em ampliar seu parque tecnológico. Pretende adquirir um novo equipamento de última geração para incrementar o atendimento dos pacientes e os exames prestados gratuitamente.

Comprado por R$ 5 milhões, no fim de 2012, o PET-CT foi entregue em julho de 2013 e permaneceu lacrado e sem uso por oito anos até 2021, quando começou a processar exames.

“A evolução do nosso sistema de saúde é constante”, afirmou o governador Ibaneis Rocha. “Enfrentamos muitos problemas, tivemos uma pandemia que drenou enormes recursos, mas não vamos desistir de oferecer um sistema de saúde cada vez melhor. A marca do milésimo exame feito num aparelho que encontramos encaixotado é parte importante desse esforço e um incentivo para que continuemos investindo para oferecer um serviço de qualidade para toda a população. Parabéns aos profissionais de saúde e a todos os envolvidos neste caso de sucesso.”

Mariana também comemorou o feito. “Tive esse problema em 1998”, rememorou, após passar 30 minutos para fazer o exame no aparelho que capta com mais precisão os tumores para orientar o tratamento mais adequado. Ela tem câncer no pulmão. “Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, à minha família, que me apoiou muito, e à equipe do Hospital de Base, que fez um tratamento excelente comigo, médicos, enfermeiras, a menina que limpa, vigilantes, todo mundo”, detalhou.

Arte: Ascom/IgesDF

“O destaque desse registro é de suma importância, pois demonstra que o atendimento à demanda de PET-CT aos pacientes leva ao impacto positivo nos resultados de tratamento em oncologia”, assinala a gerente Elaine Araújo, de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HBDF, que é administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).

“Esse aparelho serve para a definição do estadiamento inicial (processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa), a pesquisa de doença metastática, detecção de lesões primárias em casos de tumor primário oculto, avaliação de resposta ao tratamento e pesquisa de recorrência precoce da doença”, enumerou.

Alta sensibilidade e novo equipamento

Segundo o médico nuclear Renato do Amaral, o PET-CT tem demonstrado ser um método diagnóstico com alta sensibilidade e especificidade, capaz de detectar precocemente lesões malignas não detectadas por outros métodos. Daí, destaca a sua importância para os casos oncológicos que cumprem os requisitos da Portaria nº 1.340, de 1º de dezembro de 2014, do Ministério da Saúde.

A aposentada Mariana Nascimento, que contraiu um câncer no pulmão em 1988 e fez o 1.000º exame por PET-CT no Hospital de Base nesta semana, comemorou o marco e era só gratidão com a equipe | Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

“Cabe ressaltar que o Hospital de Base é o único hospital da rede SUS dentro do GDF que realiza o PET-CT. Atualmente, cerca de 20 colaboradores estão envolvidos na operação do aparelho, dentre médicos, farmacêuticos, enfermeiros, físicos, técnicos em enfermagem, em radiologia e administrativo”, enumerou o especialista.

Para ter acesso ao exame de PET-CT, os pacientes precisam fazer um cadastro na Central de Regulação do Distrito Federal, que gerencia a fila de pacientes. Passar por uma consulta a fim de ser avaliado por um dos médicos nucleares. Depois da avaliação médica, o paciente é agendado para realizar o exame.

O novo desafio do Hospital de Base é buscar recursos via emendas parlamentares para adquirir um novo equipamento, a Gama-Câmara SPECT/CT, para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa, dentre vários outros exames nas áreas da cardiologia, neurologia e nefrologia.

Histórico

A atual gestão do GDF conseguiu eliminar, desde o primeiro mandato, um problema que se arrastava em administrações anteriores a partir de 2012 no Hospital de Base.

Em dezembro daquele ano, houve a aquisição do aparelho por cerca de 1 milhão de dólares, hoje algo em torno de R$ 5 milhões. Em seguida, ocorreu a entrega do aparelho em julho de 2013.

Durante esse tempo, o aparelho ficou lacrado e sem uso durante oito anos. Em 21 de maio de 2019, o Iges-DF celebrou o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta com a empresa fabricante do aparelho, a GE Healthcare, para a execução de obras no Núcleo de Medicina Nuclear, com posterior montagem, instalação e a aplicação do equipamento PET-CT, além de demais ações firmadas no acordo.

Em 27 de novembro de 2019 (Dia Nacional e Internacional de Combate ao Câncer), foi assinada a Ordem de Serviço (OS) que marcou o início das obras para colocar em funcionamento o PET-CT. A obra foi custeada pela própria empresa fabricante do aparelho.

Em 17 fevereiro de 2020, houve a remoção e transferência do equipamento PET-CT do corredor do ambulatório para a nova sala construída. Em 14 de setembro de 2021, houve o início do treinamento e capacitação dos profissionais. E, finalmente, em 28 de outubro de 2021, o PET-CT foi inaugurado. Em novembro de 2021, houve o início de fato da realização dos exames de PET-CT. Agora, o 1.000º exame aponta novos horizontes com mais benefícios aos pacientes.

“Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), são esperados mais de 700 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Hoje, no Brasil, o câncer de maior incidência é o de pele, seguido por mama, próstata e intestino. Na região Centro-Oeste, a maior incidência é de próstata e mama. Em conjunto com a Secretaria de Saúde, gestora SUS do DF, estamos em constante diálogo para ampliação dos atendimentos de oncologia e melhoria contínua do serviço. Isso trará maior agilidade, segurança e melhor atendimento à população”, finaliza o presidente Juracy Cavalcante Lacerda Júnior.

*Com informações do IgesDF