Durante a época de chuvas no Distrito Federal, um dos grandes perigos é a incidência de raios. Dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE) mostram que, de janeiro a novembro de 2023, foram registrados 213.755 ocorrências do fenômeno na capital do país, 14% a mais que em todo o ano passado, quando foram 187.447.
Em relação ao mesmo período de 2022, o crescimento é ainda maior, 23,5% — foram 173.021 registros de janeiro a novembro do ano passado no DF, de acordo com o ELAT. O grupo afirmou que pesquisas indicam visíveis aumentos dessa incidência em áreas urbanas, que está relacionada à elevação da temperatura e da poluição nos centros urbanos.
Osmar Pinto Junior, coordenador do ELAT, afirma que o aumento visto no DF está diretamente relacionado ao que acontece no país. “É esperado um aumento de 40% no Brasil, até o fim deste século”, explica.
Danos
A Cartilha de Proteção contra Raios, criada pelo grupo do INPE, informa que o fenômeno atinge e mata mais de forma indireta, ao atingir o chão e se espalhar por alguns metros ou ser captado por estruturas próximas às vítimas. De acordo com o documento, estar embaixo ou perto de uma árvore é um exemplo de risco: a pessoa acaba atingida por uma descarga , que se desloca do ponto onde o raio caiu e encontra no corpo humano um caminho menos resistente para chegar ao solo.
Ainda segundo o texto do instituto, uma pessoa também pode ser alcançada diretamente e morrer imediatamente. Essa possibilidade é muito baixa — uma em 1 milhão, segundo o ELAT. Mas o grupo alerta que as chances aumentam para uma em mil se o indivíduo estiver numa área descampada sob uma forte tempestade.
Mesmo assim, o grupo destaca que o fato de uma pessoa acabar como alvo de um raio não significa que perderá a vida ou terá ferimentos no momento. Geralmente, são os efeitos indiretos que trazem o risco. A corrente pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo, e a maioria das falecimentos por esse incidente resulta de parada cardíaca e respiratória, segundo o ELAT.
Na segunda-feira (18), um homem de 43 anos precisou de atendimento médico por esse tipo de situação, no Assentamento Nova Jerusalém, às margens da BR-060. Familiares disseram que ele teria ido fechar o portão de sua casa durante uma chuva forte e, nesse momento, um raio caiu nas proximidades. Segundo os bombeiros, que prestaram os primeiros socorros, a vítima teve alteração cardíaca devido ao choque elétrico que levou. E foi levada ao Hospital Regional de Taguatinga para equilibrar seu estado.
Prevenção
A cartilha do ELAT destaca algumas dicas para se proteger em qualquer situação do tipo. A primeira delas é entrar em um veículo não conversível e fechar as portas e vidros, evitando contato com a lataria. Também é possível se abrigar em moradias ou prédios, mantendo distância das redes (elétrica, telefônica e hidráulica), de portas e janelas metálicas. Entrar em abrigos subterrâneos, como túneis e estações de metrô, também é aconselhável.
Caso não tenha nenhum tipo de abrigo por perto, a dica é afastar-se de qualquer ponto mais alto e de objetos metálicos, manter os pés juntos e agachar-se, até a tempestade passar. Apesar de ser uma posição mais confortável, nesse tipo de caso, ficar deitado não é a opção mais segura, segundo a cartilha.
O que não fazer
Área rural
» Colher frutas, abrigar-se ou caminhar perto de árvores;
» Carregar ou ficar próximo a objetos metálicos pontiagudos, como enxadas, pás e facões;
» Ficar próximo de veículos, como tratores, carros ou dentro de carroceria de caminhão.
Ao ar livre
» Caminhar em áreas descampadas, como terreno baldio e canteiro de obra;
» Subir em locais altos, como telhados, terraços e montanhas;
» Ficar próximo a varal de metal, antena ou portão de ferro.
Dentro de casa
» Falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador;
» Tomar banho em chuveiro elétrico;
» Ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos).
Fonte: ELAT