Atendido pela equipe de odontologia da Unidade Básica de Saúde (UBS) 3 do Paranoá, Celismar André, 67, precisou iniciar um tratamento quimioterápico e recebeu a recomendação de ser acompanhado pela área de periodontia da Atenção Secundária. Isso porque a saúde bucal ajuda a evitar efeitos colaterais comuns na quimioterapia, além de ser importante para prevenir e evitar o agravamento de doenças.
“A odontologia interfere muito na saúde sistêmica, influencia o corpo como um todo”Rafaela Gallerani, cirurgiã-dentista do Hran
Assim, Celismar foi inserido na regulação e agendado no Centro de Especialidade Odontológica (CEO) do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) antes mesmo das sessões de quimioterapia começarem. Aplicações periódicas de laser nas gengivas ajudam a evitar a mucosite, uma inflamação da parte interna da boca e da garganta que pode levar a úlceras dolorosas e feridas nessas regiões, e que ocorre em até 40% das pessoas que passam por quimioterapia.
“A boca não é separada do nosso organismo, é um sistema integrado”, explica a cirurgiã-dentista Rafaela Gallerani. “A odontologia interfere muito na saúde sistêmica, influencia o corpo como um todo. As doenças da cavidade bucal podem levar a um parto prematuro, endocardite bacteriana em pacientes com doenças cardíacas, bem como alterar a glicemia, o que pode ser perigoso em pessoas diabéticas.”
Para abordar a importância da saúde bucal, foi instituída uma data comemorativa no Brasil por meio da lei nº 10.465/2002. Por isso, 25 de outubro tornou-se o Dia Nacional da Saúde Bucal. O objetivo é incentivar ações para reduzir a perda de dentes, doenças da gengiva e tecidos ósseos e a incidência de cáries, além de promover a detecção de lesões precoces.
Excelência odontológica
“Eles são verdadeiros guardiões dos sorrisos e corações, tornando a odontologia uma bênção na minha vida e de muitos outros pacientes”Maria Paula Gonçalves Abreu, auxiliar notarial
A auxiliar notarial Maria Paula Gonçalves Abreu, 26, é um dos exemplos de pacientes que puderam resolver questões complexas a partir do atendimento na rede pública de saúde. Há nove anos, ela descobriu que precisava de uma cirurgia ortognática, procedimento para corrigir o alinhamento de sua mandíbula e maxila. Procurou o CEO do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e diz ter sido muito bem-atendida. “Eles são verdadeiros guardiões dos sorrisos e corações, tornando a odontologia uma bênção na minha vida e de muitos outros pacientes”, comemora.
“Temos investimentos contínuos em equipamentos, como microscópio para tratamento de canal na endodontia, e recursos humanos de referência com ampla abrangência da demanda do HRSM na odontologia hospitalar”, enumera a chefe do CEO da unidade, Erika Maurienn. “Além disso, contamos com o apoio do complexo regulador na regulação das vagas oferecidas conforme fundamentos do SUS, garantindo transparência e efetividade do serviço.”
Acesso ao serviço
A saúde bucal presta assistência em vários níveis no Sistema Único de Saúde (SUS), pois faz parte do princípio de atenção à saúde de forma integral. As UBSs são a porta de entrada, com prevenção, profilaxia, pequenas cirurgias, restaurações e tratamento básico de gengivas. As unidades com o serviço podem ser conferidas no site da Secretaria de Saúde do DF (SES).
Na Atenção Secundária, há 13 centros de especialidade odontológica que, localizados nas sete regiões de saúde do DF, oferecem os atendimentos mais complexos por meio de encaminhamento, após avaliação nas UBSs.
Entre as especialidades dos CEOs estão endodontia (tratamento de canal), periodontia avançada, extração de siso, atendimento à pessoa com deficiência, odontopediatria, tratamento de dores e de transtornos das articulações temporomandibulares e confecções de próteses dentárias removíveis. Esses procedimentos ocorrem depois de atendimento inicial nas unidades básicas e marcação por meio da regulação.
“Fomos atendidos na UBS, e lá identificaram que os quatro dentes sisos [do meu filho] deviam ser extraídos”, relata Flávia Avancini, mãe de Felipe Reis, de 16 anos. “Ele entrou na regulação e, em poucos dias, marcaram as extrações no CEO”. O jovem confirma: “Fomos muito bem-atendidos, não senti nada e espero tomar muito sorvete agora”.
Urgência
“É nosso dever oferecer um serviço de qualidade à população, e atendemos de recém-nascidos a idosos”Fabiana Sindeaux, cirurgiã bucomaxilofacial do Hran
O atendimento odontológico de urgência é prestado nas UBSs e também está disponível no Hran, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Hospital Regional do Gama (HRG) e no Hospital de Base do DF. O serviço de urgência funciona 24h, todos os dias da semana, no Hran e no Hospital de Base. No HRG, o atendimento é de segunda a sexta-feira das 19h à 1h e, aos finais de semana, das 7h às 19h. Já no HRT, é ofertado aos sábados e domingos, das 7h às 19h.
“É nosso dever oferecer um serviço de qualidade à população, e atendemos de recém-nascidos a idosos”, afirma a cirurgiã bucomaxilofacial Fabiana Sindeaux, do CEO do Hran. “Se não houvesse esse serviço, algumas pessoas ficariam sem tratamento. O atendimento gratuito e espontâneo pode evitar agravamentos.”
*Com informações da Secretaria de Saúde e do IgesDF