Mais de 5% das crianças têm Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) no país. O dado é da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Segundo estimativa da entidade, 70% das crianças com TDAH apresentam outra comorbidade. Em 10% dos casos, apresentam três ou mais doenças.
Protocolo clínico aprovado pelo ministério da Saúde em julho deste ano considera o TDAH como uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada pela tríade de sintomas “desatenção, hiperatividade e impulsividade, em um nível exacerbado e disfuncional para a idade”.
Segundo a ABDA, o transtorno está relacionado ao desequilíbrio de substâncias químicas, que atrapalha o funcionamento de algumas regiões do cérebro, sobretudo a parte frontal. Isso prejudica a execução de tarefas, administração do tempo e causa descontrole. Ou seja, a criança ou adolescente com o TDAH faz o que bem quiser. Ainda de acordo com associação, os sintomas surgem na infância e podem seguir pela vida adulta. Em 95% dos casos, surgem até os 12 anos de idade.
O diagnóstico para TDAH é realizado de modo clínico, por um médico psiquiatra, pediatra ou outro profissional de saúde (como neurologista ou neuropediatra).
Pais e responsáveis devem estar atentos aos sinais de alerta e procurar diagnóstico clínico o quanto antes. É o que orienta a psicóloga Muria Ribeiro. “Hoje, conseguimos diagnosticar [TDAH]. É um diagnóstico clínico e quem, geralmente, acaba percebendo que essa criança tem essa agitação, são os pais ou a escola”, explica. “Aí, encaminha, procura ajuda de profissionais, de neurologistas, psiquiatras, um bom psicólogo. Hoje, sabemos que, além de um tratamento de excelência, temos também bons medicamentos”, tranquiliza.
A escola também é um ambiente importante para o diagnóstico e o tratamento precoce de TDAH. A pedagoga da coordenação da Regional de Ensino do Distrito Federal, Elizete de Medeiros, faz o acompanhamento de estudantes nas escolas públicas do DF.
A pedagoga da coordenação da Regional de Ensino do Distrito Federal, Elizete de Medeiros, faz o acompanhamento de estudantes com sinais de TDAH nas escolas públicas do DF. A profissional explica que quando uma criança é identificada com os sinais da doença, os pais são imediatamente acionados. “Normalmente quando um professor identifica uma criança com características, por exemplo, de TDAH, é esse profissional pedagogo – e nas escolas que tem equipe completa, pedagoga e psicóloga -, é que vai fazer o acolhimento inicial”, detalha. “E dentro desse acolhimento inicial damos orientação para família, orientação para escola, adaptações específicas caso seja necessário, tendo ou não o diagnóstico fechado”, diz.
Em novembro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou lei que obriga o poder público a desenvolver e manter programa de acompanhamento integral para alunos com dislexia, TDAH ou outro transtorno de aprendizagem. A norma vale para as escolas da educação básica das redes pública e privada. Ainda de acordo com a lei, os profissionais da rede de ensino devem atender as necessidades específicas no desenvolvimento do educando em parceria com a rede de saúde.
Tratamento no SUS
Diferentes níveis de complexidade compõem o cuidado para cidadãos que sofrem de doenças psíquicas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), graças a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
A porta de entrada para esse tratamento na rede pública é a Atenção Primária à Saúde, que faz a abordagem dos Transtornos Mentais, principalmente os leves e moderados. São serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, constituído por equipe multiprofissional que atua sobre ótica interdisciplinar.
O cuidado de crianças e adolescentes com TDAH é realizado gratuitamente nos serviços especializados, os Centros de Atenção Psicossocial infantil.