Capacitar pessoas desempregadas e inseri-las no mercado de trabalho da capital tem sido a grande missão do Governo do Distrito Federal (GDF), principalmente durante a pandemia do novo coronavírus. Cursos de qualificação, orientações, incentivos fiscais e interlocução com o setor empresarial fizeram com que mais postos de trabalho fossem criados no DF. Para o segundo semestre deste ano, mais mil oportunidades de capacitação estão abertas para o programa Renova-DF – com formação para a área da construção civil e jardinagem – , além da Fábrica Social, que será reaberta no próximo mês para formar cerca de 1,2 mil pessoas.

Em entrevista à Agência Brasília, o secretário de Trabalho, Thales Mendes, explica como a pasta opera para não só qualificar, mas também recolocar esses profissionais no mercado. “Tivemos programas de incentivo às empresas que deram segurança jurídica para a reabertura desses estabelecimentos e contratação de mais pessoas, assim como de diversos programas de capacitação profissional. Nosso papel não é só qualificar pessoas, mas também inseri-las no mercado de trabalho”, comenta.

O GDF conseguiu recolocar no mercado de trabalho 146 mil pessoas entre junho de 2020 e o mesmo mês deste ano. Como o senhor analisa esse cenário? A economia está em recuperação?

É importante ressaltar todo esforço do governo, com a integração de diversos órgãos, para fomentar a geração de emprego e renda no Distrito Federal. Tudo passou por um processo de conscientização dos empresários – principalmente nesse momento de pandemia. Brasília também tem toda uma dinâmica econômica que favorece esse crescimento por causa dos servidores públicos e que fez com que esses números se tornassem realidade. Tivemos programas de incentivo às empresas que deram segurança jurídica para a reabertura dos estabelecimentos e para que mais pessoas fossem contratadas, assim como diversos programas de capacitação profissional. Nosso papel não é só qualificar as pessoas, mas também inseri-las no mercado de trabalho.

As agências do trabalhador estão sempre ofertando oportunidades e tiveram os melhores resultados do país, com encaminhamento ao mercado de trabalho cinco vezes maior que a média nacional. Como o governo local tem trabalhado para atender essa demanda?

Chegamos a esse número, primeiramente, pela interlocução sincera com a classe empresarial e o setor produtivo, ofertando os trabalhos da Secretaria de Trabalho, tornando público os processos que são feitos pela pasta. Dessa forma, a gente conseguiu aproximar quem está buscando emprego e quem quer contratar criando uma rede de apoio para essas empresas. São centenas de vagas oferecidas todos os dias. De todas as vagas que a secretaria oferece hoje, interligamos e apoiamos os processos seletivos.

Mil pessoas estão terminando a capacitação na área da construção civil por meio do Renova-DF. Mais mil vagas foram abertas esta semana. Qual é o balanço dessa primeira formação?

O Renova-DF nasceu do aumento da procura de profissionais na área da construção civil. O programa leva qualificação 100% presencial para os alunos. Ao invés da sala de aula, eles aprendem no próprio canteiro de obras, reformando equipamentos públicos utilizados muitas vezes por eles mesmos. É o único programa do Brasil que paga bolsa de um salário mínimo. Cada espaço reformado pelo Renova custa 50% a menos do valor de mercado. A cidade, a população e os estudantes ganham.

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E a Fábrica Social? Os cursos serão retomados por lá?

A Fábrica Social será reaberta no próximo mês. São 300 vagas por período – matutino e vespertino – para cursos de corte e costura, construção civil, marcenaria e jardinagem, respeitando as medidas de segurança contra a covid-19. Vamos começar produzindo itens que o governo possa consumir. Estamos em parceria com a Secretaria de Saúde, por exemplo, para produzir todo o material de enxoval que é usado em hospitais públicos. Também queremos uniformizar os servidores das administrações regionais de forma padronizada. Tudo isso é fruto de um processo de qualificação. Antes eram cursos de um ano e meio, mas transformamos em disciplinas modulares para que as pessoas possam escolher o módulo que querem se profissionalizar. É uma forma de dar oportunidade para quem quer se requalificar. Por exemplo, há costureiras que têm experiência, mas querem aprender mais técnicas. Caso haja necessidade, abriremos um terceiro turno à noite. Também estamos planejando expandir a Fábrica Social para cidades com maior densidade populacional, como Ceilândia, Samambaia, Planaltina, Sobradinho.

A Secretaria de Trabalho está capacitando flanelinhas com curso profissionalizante de lavagem de carros. Qual a importância dessa atividade?

São pessoas que giram a economia da capital. Temos mais de 2,8 mil pessoas que se cadastraram. Abrimos um chamamento público para identificar e conhecer a realidade delas. Vamos entregar os kits de biolavagem dentro de todo um processo de conscientização do uso da água. Estamos ensinando novas tecnologias para eles. Também aprenderam sobre comunicação não violenta, novas formas de pagamento. Eles são identificados com colete, crachá com foto para que saibam quem são essas pessoas. Qualquer usuário que entrar no site da secretaria e digitar o número que está no colete ou no crachá vai encontrar o nome, a foto e o contato dessa pessoa.

Todos esses programas de capacitação miram o ingresso no mercado de trabalho?

Todos os cursos de qualificação da secretaria têm um ritual. A pessoa começa e lá na frente ela escolhe qual caminho vai seguir. Uma das alternativas é ser um funcionário, se preparar para entrar no mercado de trabalho como colaborador de alguma empresa. Isso pode ser acessado por meio do banco de intermediação de vagas. Os alunos que participam dos cursos são indicados para as vagas que captamos no mercado. Outra forma é o empreendedorismo. Damos todo auxílio para aqueles que querem abrir sua própria empresa, além do microcrédito por meio do programa Prospera. Estamos trabalhando para capacitar e inserir cada vez mais pessoas no mercado.

Como funciona a integração com outras secretarias?

Todo governo local, orientado pelo governador Ibaneis Rocha, trabalha para trazer o crescimento econômico para o DF e autonomia social e financeira para os moradores. Temos programas de incentivos fiscais nas secretarias de Economia; de Desenvolvimento Econômico, que está desburocratizando processos; de Empreendedorismo, que está simplificando essa questão de formalização das empresas; e ainda a de Turismo, com os artesãos.

Há parcerias com a iniciativa privada?

Estamos procurando as empresas, oferecendo nossos serviços. Isso traz uma proximidade e interlocução que não existia. A Secretaria de Trabalho está sendo o meio de aproximação entre os profissionais e esses estabelecimentos, e quando temos um prazo entregamos essas pessoas qualificadas. Também há uma parceria muito grande com o Sistema S, como o próprio Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] que faz a monitoria dos cursos do Renova-DF, por exemplo, entre outros.