Pais fracos ou autoritários? Paternidade atual destaca equilíbrio entre amor e limites

A ausência de modelos predefinidos para a paternidade permanece como desafio recorrente entre famílias, com pais frequentemente questionando sua eficácia educacional. “Não existe manual”, afirma a psicóloga cristã Anísia Luíte.

Em geral, psicólogos apontam que o equilíbrio entre expressão afetiva e imposição de limites configura dilema central, variável conforme contextos culturais e individuais.

Em seu caso particular, Anísia lembra da forma como o seu próprio pai reagiu às dificuldades da vida, fazendo um paralelo com a parábola do filho pródigo.

“Muitos filhos e filhas, alguns dentro da nossa própria casa, fizeram com ele exatamente o que o filho pródigo fez: romperam, feriram, desperdiçaram. Mas meu pai nunca deixou de crer, de orar, de receber. Alguns ele ainda espera até hoje”, disse ela, segundo a Comunhão.

Nesse cenário, a parábola bíblica do Filho Pródigo (Lucas 15) oferece referência analítica relevante, apresentando figura paterna que permite a partida do filho sem coerção, mantém vigilância passiva durante o afastamento e oferece acolhida incondicional no retorno.

Essa narrativa desafia concepções de paternidade baseadas em controle, sugerindo modelo fundamentado em “presença não manipuladora”, conforme análise de teólogos. Situações práticas que testam estruturas parentais – como distanciamento de valores familiares, diagnósticos médicos inesperados ou conflitos comportamentais – evidenciam a permanência afetiva sem imposição como fator recorrente em estudos sobre resiliência familiar.

A psicóloga Anisia Luite (Igreja do Nazareno, Mesquita/RJ) exemplifica essa dinâmica ao relatar a trajetória de seu pai, Amadeu Teixeira:

“Ele não teve um modelo de pai amoroso. Mas escolheu ser, mesmo assim. Exerceu sua paternidade com amor e longanimidade […] Muitos fizeram com ele exatamente o que o filho pródigo fez: romperam, feriram. Meu pai nunca deixou de crer, de orar, de receber. Alguns ele ainda espera até hoje”.

Embora inexistam manuais universalmente aplicáveis, pesquisas no Journal of Child and Family Studies (2023) corroboram que elementos como vínculo incondicional, espaço para autonomia e disponibilidade para reconciliação contribuem para desenvolvimento saudável quando equilibrados com orientação consistente.

Estes são dados que corroboram com entendimento cristão, onde perdão e sacrifício em função do outro são questões centrais. A falta disso, por outro lado, pode acarretar diversos problemas.

Dados do IBGE (2022), por exemplo, contextualizam que 68% dos pais brasileiros entre 30-45 anos relatam insegurança educacional, enquanto estudos longitudinais da USP associam estabilidade afetiva parental a menores índices de transtornos emocionais em jovens adultos.

Quanto ao que os pais cristãos devem fazer, e ser, Anísia resume com base no exemplo do seu pai: “Ele não teve um modelo de pai amoroso. Mas escolheu ser, mesmo assim. Exerceu sua paternidade com amor e longanimidade, tanto em casa quanto no ministério”.

Fonte: https://noticias.gospelmais.com/