Organizações internacionais de defesa da liberdade religiosa denunciam que o governo da Turquia tem classificado missionários e líderes cristãos estrangeiros como “ameaças à segurança nacional”, resultando em deportações e bloqueios de reentrada no país.
A medida, segundo relatórios da ADF International, já afetou mais de 350 trabalhadores cristãos e suas famílias desde 2020, levantando preocupações sobre discriminação religiosa sistemática.
De acordo com o relatório, os códigos administrativos N-82 e G-87 vêm sendo utilizados para impedir a renovação de autorizações de residência ou negar reentrada a cidadãos estrangeiros cristãos. As restrições, geralmente impostas sem acusações formais ou apresentação de provas, têm sido interpretadas por grupos de direitos humanos como uma tentativa de silenciar a atividade missionária cristã no país.
Em nota, a ADF International afirmou: “Os cristãos são o grupo religioso mais perseguido internacionalmente, e ainda assim essa questão recebe pouca atenção da comunidade internacional. Na Turquia, o governo está sistematicamente visando cristãos e suas famílias, proibindo sua reentrada no país, apesar de sua residência legal de longa data”.
Casos de deportações de missionários têm sido relatados desde 2019, quando dezenas de cristãos foram expulsos do país sem justificativas claras. As autoridades turcas alegam “motivos de segurança nacional”, mas não detalham as razões que sustentam tais medidas. Defensores da liberdade religiosa argumentam que essas ações estão ligadas exclusivamente à fé cristã dos estrangeiros afetados.
Um dos casos mais conhecidos é o do pastor Andrew Brunson, cidadão norte-americano preso em outubro de 2016 sob a acusação de envolvimento com o movimento Fethullah Gülen, considerado terrorista pelo governo turco. Brunson permaneceu detido por dois anos e enfrentava uma pena potencial de até 35 anos de prisão, sendo libertado apenas em outubro de 2018, após pressão diplomática dos Estados Unidos.
A International Christian Concern (ICC), que acompanhou o caso, afirmou que as prisões e deportações de cristãos na Turquia “não têm relação com segurança, mas com o esforço de suprimir a expressão pública da fé cristã”. Em nota, a Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) declarou que “a perseguição de cristãos pela Turquia levanta sérias preocupações sobre a liberdade de religião ou crença”.
Observadores apontam que o fenômeno da perseguição religiosa na Turquia reflete uma tendência global. Em países como Reino Unido, Alemanha, Coreia do Sul e várias nações da América Latina, missionários e comunidades cristãs também relatam aumento de hostilidade e restrições legais.
Em meio a esse cenário, líderes religiosos e organizações de direitos humanos pedem ações diplomáticas coordenadas e intercessão internacional para garantir a liberdade de culto. Em artigo no portal CrossWalk Headlines, a professora Amber Ginter destacou o papel da oração e da solidariedade entre cristãos diante da perseguição: “O próprio Cristo Jesus está conosco em tudo isso. Nossos irmãos e irmãs turcos em Cristo precisam de orações corajosas. E nossas orações podem fazer a diferença”, afirmou.